Escala silencia músicas no Dia Internacional da Mulher

Ação em parceria com a ONG Themis expõe como “Milhares de mulheres são caladas” todos os dias.

O Dia da Mulher – que se expande por todo o mês de março – normalmente é marcado por infinitas homenagens, flores e palavras que exaltam o papel da mulher na sociedade. Elas são agradecidas por cuidarem dos filhos, da família e, de quebra, contribuírem com o crescimento econômico da sociedade. Mas um fato – ainda tabu no Brasil – é a violência sofrida em função do gênero. O País é o quinto no ranking de homicídio de mulheres. A questão até ganhou nome próprio, o feminicídio.

Para transformar a data em algo a mais, não apenas uma comemoração e sim um grito de alerta, a Escala em parceria com a ONG Themis desenvolveu um projeto para o rádio que não se propõe apenas a informar, mas, sim, a instigar e alertar sobre o que acontece pelo País afora. A iniciativa “Mulheres Caladas” foi a forma encontrada para passar uma mensagem impactante em um veículo tradicional como o rádio.

A ação tinha como propósito despertar a atenção em uma mídia com características bem claras: O que se espera ao ouvir rádio? Áudios ininterruptos – podendo ser através de programas de entrevistas e noticiários ou os ditos blocos musicais. O desafio da agência foi encontrar um meio de utilizar esta mídia de forma criativa.

A medida escolhida foi silenciar as músicas, em alusão ao que muitas mulheres sofrem. Quando iriam tocar músicas com o nome de mulheres como “Carolina” do Seu Jorge, ou “Milla” do Netinho, estivessem no setlist, ao invés disso, cinco segundos de silêncio aconteciam, seguidos por um spot com informações e dados acompanhados da descrição de um caso de violência sofrido por uma Carolina ou Milla, reais.

O projeto contou com apoio de rádios da capital e do interior do Rio Grande do Sul e se propôs a combater o feminicídio, dar voz às pessoas reais, personificando a informação e divulgar a linha direta 180 (disque-denúncia). O aproveitamento do espaço de músicas que falem de mulheres não é mera coincidência. A cultura brasileira é rica em letras que trazem como foco a mulher. Assim, o uso das músicas foi uma forma de criar algo inusitado, baseado em algo familiar às pessoas. Gerar impacto a partir do silêncio, invertendo a lógica do que se espera de uma campanha no rádio.